A primeira vez que a ouvi em disco foi lá pelos idos de 1977. Me foi apresentada pelo Israel, um vizinho do Novo Mundo, o meu bairro em Goiânia.
Junto com vários discos dos chilenos Victor Jara e Violenta Parra - além de muita música folclórica chilena, inclusive um disco que cantava o massacre na zona de salitre de Santa María de Iquequi - lá estavam alguns discos de Mercedes.
De imediato me apaixonei por aquele voz poderosa cantando as lutas do povo latino-americano e denunciando as atrocidades cometidas há séculos, fazendo sangras as nossas veias abertas.
Dois anos depois a assisti pela primeira vez ao vivo. Foi num show memorável no Ginásio Rio Vermelho. Era 1980. Ginásio lotadíssimo. Aquela voz potente que de vez em quando pegava o seu tambor.
Ali estatelados, hipnotizados, embriagados pelo som de Mercedes e sua banda e seu tambor, mais de cinco mil pessoas.
Ao final - ou após alguns finais, pois ela teve que voltar ao palco algumas vezes para atender aos bis (ninguém arredava o pé) - ela cantou novamente Cancion con todos e a platéia, de pé chorou de emoção.
Agora aqui nesta manhã melancólica de domingo recebo a notícia da morte de Mercedes Sosa. Não quero ficar mais triste.
Enquanto escrevo ouço Mercedes e me vem a alegria de ter podido estar bem pertinho dela naquela noite mágica e cantar com ela.
Um comentário:
Também estava lá nesse show inesquecível.
Postar um comentário