domingo, 19 de agosto de 2012

Uma moça pode ser assassinada a qualquer momento

A qualquer momento um homem poderá assassinar uma moça. É uma morte anunciada. E a polícia já sabe. A justiça está ciente. O homem está na espreita. Já fez uma investida, felizmente sem sucesso.

A polícia foi acionada. Está proibido de se aproximar de sua vítima. São 200 metros de distância. Mas começou a mandar mensagens ameaçadoras. “Vou cortar seu pescoço” é a menos assustadora.

Desesperada a mãe da moça, de pouco mais de 20 anos, voltou à polícia. Os celulares (da moça e da mãe foram entregues como prova), mas as ameaças prosseguiram. Novo retorno à polícia, que orientou avisar quando o rapaz se aproximasse para prendê-lo em flagrante.

Ou seja: “se ele chegar para matar, nos chamem”. Chegariam a tempo para evitar a morte, ou mortes? Se aproximar o homem não tem mais ousado, como invadir a casa da moça. Mas as ameaças continuaram e a polícia disse que só agirá se o ameaçador desrespeitar o limite dos 200 metros.

Diante das ameaças que não cessam, a mãe resolveu esconder a filha. A moça teve que pedir demissão do emprego. O homem aparecia por lá. Há imagens do circuito interno de TV do supermercado.

Agora a moça está clandestina em algum lugar de Brasília, sem comunicação com o mundo exterior, vivendo de favor e numa rotina angustiante de prisão domiciliar. Enquanto isto, seu virtual assassino está livre nas ruas.

O trabalho ajudava a complementar a renda da família. Aliás, só ela e a mãe trabalhavam. Agora só a mãe: serviços gerais num hospital da capital federal e passadeira de roupas nas horas vagas.

Resultado: além de viverem no limite do desespero por conta das ameaças, a família passou a amargar sérios problemas de sobrevivência, já que a renda só com o trabalho da mãe não dá para sustentar a casa. É ela, a filha e outro filho adolescente.

Agora é a mãe que está sendo ameaçada de morte também pelo homem. Ele quer que a mãe apareça com a ex-namorada. Deu até um prazo, que está vencendo. Se a moça não aparecer para falar com ele, vai matar a mãe.

A mensagem que mandou para o celular da mãe nesta noite de sábado: “Se sua filha não aparecer, vou cortar o seu pescoço no lugar do dela. Eu sei onde você trabalha e os dias de seu plantão. Neste domingo você está de serviço. Cuidado: pode ser a qualquer momento”.

Quer dizer: a qualquer momento um homem, que avisou andar com uma faca na mochila, pode degolar a mãe da ex-namorada.

A moça – ou sua mãe – poderão engordar as estatísticas de outras mulheres que são assassinadas no Distrito Federal por ex-namorados e ex-maridos psicóticos, desses que enxergam a mulher como objeto, como suas propriedades, donos de seus destinos, ainda que ele possa ser a sepultura.

Ninguém até agora deu uma resposta à moça e à sua mãe sobre se elas vão ou não ter a proteção do Estado para continuarem vivendo.

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