segunda-feira, 23 de maio de 2011

Palocci divide a blogosfera

Até agora a blogosfera tem seguido uma unidade interessante no combate à imprensa golpista. Desde 2005, na época do tal "mensalão", passando pelos grandes embates políticos e ideológicos contra a oposição e sua mídia reacionária, até as eleições do ano passado, a blogosfera mostrou-se ombro a ombro no front, em que pesem algumas divergências pontuais.

Mas agora, com as denúncias contra o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, a coisa mudou de figura. Os blogs progressistas estão divididos entre aqueles que enxergam nas investidas do PIG mais uma tentativa de desestabilizar o governo petista e os que entendem que a coisa não é bem assim e que Palocci precisa se explicar para não colocar o governo em mais uma crise.

Penso que o tratamento que Dilma e o próprio Palocci estão dando ao caso é arriscado. Óbvio que a mídia golpista quer colocar Dilma contra a parede. Acabou a lua de mel com a imprensa golpista. Se é que houve algum casamento, porque Dilma se foi poupada até agora o objetivo era incompatibilizá-la com Lula e nada mais.

Na minha modesta opinião, Palocci tinha que se explicar e ser não o fizer, que peça o boné. Já fui secretário de Estado e, detendo informações privilegiadas sobre o governo, me mantive fora das tentações de ganhar dinheiro e ter vantagens que me foram oferecidas. Continuo pobre, sem casa, pagando prestação do carro e assalariado.

As pessoas fazem suas opções, Tem gente que diz que sou burro. Penso que tudo é uma questão de moral e ética. Não é ilegal ficar rico da noite para o dia. Mas não é moral torna-se milionário em quatro anos, depois de ter sido ministro da Fazenda e deputado federal com trânsito livre pelas esferas do poder central e ainda de lambuja ser membro da Comissão de Finanças da Câmara. Está fácil, né?

O próprio Palocci admite o enriquecimento e tenta amenizar sua consciência citando os casos de ex-colegas ministros da Fazenda. Vergonhoso. Não engoli. Causou-me mal-estar. É por isso que também não engulo o mesmo discurso da conspiração golpista da mídia. Claro que ela, se puder, vai querer sangrar o governo.

O problema nesse caso, não é a mídia, mas a escolha que o governo fez: se desgastar para manter Palocci. O ministro não era nem para estar no governo Dilma. Chegou lá por quê? Por que ficou no coração da campanha dela? Não dá para engolir Palocci. Quem quer que o governo avance não confia nele.

Dilma agora está numa encruzilhada: ou se rende à imprensa golpista ou dá uma guinada à esquerda. Está nas mãos delas a "Ley dos medios", a banda larga, enfim, com a faca e o queijo na mão. Aproveita, tira Palocci e dê seu recado à ditadura midiática: "Não vem que não tem!"

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