Não
tem coisa mais deliciosa que acompanhar aqui em Brasília a trajetória do
senador Pedro Taques. Desde que deixei a cobertura diária do Congresso Nacional
passo por lá poucas vezes por semana e vou pouco ao Senado, a não ser para
entrevistas pontuais. De todo modo, um pouco assim que distante, eu diria,
acompanho de perto a vida dos parlamentares da bancada de Mato Grosso.
E
ver as movimentações do senador Pedro Taques, seja ao vivo, pelos noticiários ou
pelos releases que sua assessoria me envia é divertimento puro. Não raro tenho acessos
de riso. As contradições, meus caros leitores, são formas de se conhecer
pessoas. Fazem cair máscaras. Desnudam comportamentos. Desmontam discursos. E
diverte. Pelo menos a mim, que nos últimos tempos venho adorando rir dos “moralistas”
de plantão.
Desde
que aqui chegou, Pedro Taques cunhou sua famosa oração (nos dois sentidos), que
tratou de transformá-la num mantra dentro e fora do plenário da Câmara Alta da
República brasileira: “Não sou situação nem oposição; sou Constituição”.
Quis
dizer o nobre senador mato-grossense que não se alinharia ao governo Dilma
Rousseff, para a qual torceu o nariz desde a campanha de 2010 – talvez antes
até. Quis ele marcar que também não seria oposição – afinal, o partido que lhe
emprestou legenda é um governista de carteirinha, embora tenha Taques,
Cristovam Buarque e Miro Teixeira como aliados quase que incondicionais do
tucano (quase fora do ninho) Álvaro Dias (PR).
Pois
bem, eis as contradições. Vamos à primeira delas. O “constitucionalista” Taques
tem se mostrado por demais seletivo em sua preocupação com a legalidade, com a
constitucionalidade e com as instituições. Tanto que para ele há indivíduos que
são mais que as instituições. Me preocupa que este legalismo – e eu tenho pavor
dos legalistas – seja mais que subterfúgio. Tem horas que é bom ficar na ingenuidade,
não é mesmo?
Taques
chegou à CPMI do Cachoeira com fama de xerife, durão, destemido diante dos
criminosos em geral e do crime organizado em particular. A CPMI, com base nas
investigações das operações Monte Carlo e Vegas da Polícia Federal, que apontou
que uma quadrilha comandada pelo bicheiro goiano Carlos Cachoeira (uma espécie
de Arcanjo que priorizou a infiltração política à truculência e pistolagem) tinha
ramificações nos poderes e agentes públicos atuavam para ou proteger o esquema
ou favorecê-lo dentro dos governos em todas as esferas: federal, estadual e
municipal.
Um
dos mais notórios membros da quadrilha era o amicíssimo de Pedro Taques, o
também senador Demóstenes Torres, com quem no início da legislatura andava de
braços dados dentro do plenário do Senado, fazendo coro contra o governo –
fazendo oposição, portanto. Eis que um dos primeiros atos de Taques na CPMI foi
defender o direito (constitucional) de Torres ficar calado, nem que para isto saísse
aos berros (quebra de decoro, inconstitucional, portanto) com um de seus
colegas de Comissão.
Não
bastasse isto, todas as investidas durante os trabalhos da Comissão e agora com
seu término é direcionar as baterias para investigações contra o governo
federal (oposição, portanto) e proteger o governador de Goiás, o tucano Marconi
Perillo (mais oposição).
Não
se tem notícia alguma de que Pedro Taques, um ex-procurador da República, que
traz na bagagem o desmonte de algumas das maiores quadrilhas do País, como a
João Arcanjo Ribeiro (em Mato Grosso) e Idelbrando Pascoal (no Acre) tenha
movido uma palha sequer para investigar democratas e tucanos. Os alvos
preferenciais dele, em todas as suas investidas, foram os governos Dilma e
Agnelo.
É
plausível que Taques e seus aliados demo-tucanos busquem investigar as ligações
da construtora Delta e suas laranjas com o governo federal ou com qualquer que
seja o governo. Afinal, esta é uma obrigação constitucional (!) do parlamentar.
O que causa estranheza (?) é que o senador dispa-se de seu mantra e assuma um
lado, o de ferrenho opositor. Seria mais honesto com seus eleitores, com o povo
e consigo mesmo se deixasse a máscara cair de vez e fosse coerente. Ganhará meu
total respeito!
Nesta
confusão mental (será?) que deve estar passando o senador Pedro Taques, vem
dando a confundir “alhos com bugalhos” (outra frase preferida dele). A pretexto
de defender a liberdade de imprensa, Taques formou fileira com a chamada “bancada
da Veja” no Congresso Nacional, um grupo de senadores e deputados (da situação
inclusive) que fez coro contra a convocação do jornalista (?) Policarpo Junior,
da revista da Abril, flagrado em mais de 200 conversas com o bicheiro
Cachoeira, tramando “reportagens” e intrigas para derrubar desafetos do chefe
do crime organizado goiano.
Taques
e Miro Teixeira costumam espernear e a babar na CPMI do Cachoeira para defender
a revista Veja, qual estão fazendo agora contra o relatório do deputado Odair
Cunha, que indicia Policarpo Junior e pede investigação contra o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Tudo a pretexto de defender a
Constituição. Ocorre que indiciar e investigar suspeitos de crimes também são
atos constitucionais: estão previstos na Carta Magna, desde que assegurada a
ampla defesa.
Gurgel
engavetou por dois anos e no mais completo e cumplice silêncio a Operação
Vegas, que iniciou a investigação contra Carlinhos Cachoeira. Prevaricou, no
mínimo. Por que não ser investigado? Até para poder provar sua eventual
inocência. O que há de mal nisto? Por muito menos, cidadãos comuns são presos,
investigados e condenados pela Justiça e pela mídia, tendo a Veja como
principal “juiz”.
Contudo,
ao defender suspeitos de terem cometido crimes, o senador Pedro Taques cai em
suas contradições de moralista de plantão. Taques revela que tem um lado, que
não é tão somente o lado da oposição. É o lado das suas conveniências, diante
de seu próprio pensamento político-ideológico. É fácil entender no fundo seu
comportamento reacionário, camuflado de democrata. E ter Veja ao seu lado faz
parte dos planos.
2 comentários:
Caro Blogueiro, não encontrei no seu site onde estão as críticas aos condenados do PT no caso do mensalão. Seria este um blog oficial?
Kkk, blog oficialíssimo! Fala sério! Adora a Dilma e acha defeitos em Pedrinho.
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