terça-feira, 5 de junho de 2007

181 concessões de rádio e TV vencem no Brasil em 2007


Deu no www.vermelho.org.br

A concessão pública de ao menos 181 emissoras de rádio e televisão - entre elas a rede Globo - vence neste ano de 2007. Para renovar a licenças de funcionamento, cada concessão é avaliada pela Comissão de Constituição do Congresso, que pode interromper a licença em caso de má qualidade técnica, desrespeito às leis trabalhistas e aos direitos previdenciários, entre outros.
De acordo com levantamento do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC), 28 emissoras de TV e 153 de rádio têm concessões que vencem neste ano. No Rio Grande do Sul, são quatro emissoras de televisão, entre elas a RBS. Nove emissoras de rádio FM e 14 na freqüência AM. As televisões têm suas concessões avaliadas a cada 15 anos - e, as rádios, de dez em dez.

Os critérios de avaliação são considerados insuficientes por especialistas e profissionais da área da comunicação, como Edgard Rebouças, professor da Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe). Rebouças afirma que o governo também deveria julgar se o produto oferecido pelas emissoras - ou seja, a programação - é também de qualidade.

"Infelizmente, esses critérios são apenas técnicos. Defendo que os critérios precisam ser em termos de conteúdo também", diz o acadêmico. "Mas o que acontece é que, em prol de ter um maior faturamento, as empresas estão deixando de lado os critérios de maior qualidade e investindo em produtos de baixa qualidade."

O caso João Kléber

Rebouças também integra a campanha "Quem Financia a Baixaria É contra a Cidadania" - comissão de professores, jornalistas e entidades civis que exigem conteúdos de mais qualidade das emissoras de rádio e, principalmente, da televisão. No país, mais de 90% da população assiste à TV ou se forma por essa mídia.

Na opinião do professor, esse dado aumenta a responsabilidade das empresas, no sentido de oferecer uma programação mais diversificada e de qualidade. O governo, por sua vez, deve, exigir que as emissoras respeitem a população e as leis do país. "Não pode se valer da liberdade de expressão para se sobrepor a outros direitos. Só que a liberdade de expressão não pertence à empresa - e sim ao povo."

Segundo Rebouças, "nenhum lugar fala sobre a liberdade da empresa. Pelo contrário, as empresas têm uma regulamentação para funcionar". O exemplo mais recente do abuso do poder das emissoras de TV, para Rebouças, foi o caso do Programa Tardes Quentes, da Rede TV. O apresentador, João Kleber, foi punido pela Justiça por veicular "pegadinhas" em que as pessoas eram humilhadas, com piadas que ridicularizavam os homossexuais.

A emissora desobedeceu ao juiz e não concedeu espaço para o direito de resposta das entidades civis, o que fez com que o Ministério Público tirasse o sinal da emissora do ar por cinco horas. A emissora teve de pagar, ainda, toda a produção dos programas de direito de resposta.

Cinco redes

Para o professor Laurindo Leal Filho, da Universidade de São Paulo (USP), somente uma fiscalização mais rígida e realizada pela sociedade civil pode tornar a comunicação do país mais democrática. Ele também defende que seja ampliada a concessão de canais para rádios e TVs públicas, reduzindo a concentração das informações em apenas cinco grandes redes, como hoje está estrutura a comunicação brasileira.

"Em alguns países da Europa, você tem uma concessão de dez anos para uma empresa - e depois outra ocupa o espaço", lembra Laurindo. "Aqui, não. A concessão parece perene. Uma mesma empresa tem a concessão há 50 anos - e são sempre as mesmas."

Um comentário:

Anônimo disse...

A TV no Brasil torna-se a cada dia o 'revestrés' daquilo que se idealizava até poucos anos atrás. O caso da Globo que eu me lembro já se falou em concordata, ou estou errado? Agora estamos chegando ao anual Criança Esperança, benifícios à milhares de brasileiros cujas oportunidades foram vetadas, censuradas...a emisora ganha algo com isso?? Sei não, sei não.

Abraço