Apesar dos bajuladores, a política começou muito antes daqui |
Incrível
que para alguns admiradores incondicionais do senador Pedro Taques (e talvez
até para o próprio) o mundo político se resuma a antes (aT) e depois de Taques
(dT). O que existia antes é velho, ultrapassado, corrupto, criminoso. O que vem
agora, com Ele e sob a luz divina do farol Dele, será uma nova vida política,
uma transformação sensacional que enterrará de uma vez por todas toda a
podridão da política mato-grossense e renovará irremediavelmente a política
nacional.
Para
gente do naipe do suplente de senador José Antonio Medeiros, os ponteiros do
relógio do tempo político nacional pararam na manhã do dia 1º de fevereiro de
2010, quando Taques fez o seu juramento no plenário do Senado da República.
Desde então, comecemos tudo do zero. Conta-se agora uma nova era, a “Era Taquessista”.
Apaguem-se tudo o que foi feito no Parlamento e na vida nacional antes dele. O
que vale é o que o novo Salvador da Pátria nos traz.
Exageros
a parte, é interessante obervar o quanto os deslumbrados são capazes de cair no
ridículo. Ainda mais deslumbrados que vislumbram muito mais do que defender seu
fetiche político, mas de fato ocupar o lugar que ele está. Permitindo-me a mais
um exagero, é como se os deslumbrados quisessem mesmo mais que a adoração do
falo e sê-los o próprio. É aprovável que Freud explique tal comportamento.
Mas
o que menos me interessa aqui são os comportamentos e desejos políticos
enrustidos de algumas pessoas. Importa-me, pelo momento, mostrar que a
desinformação e, sobretudo, o ato de desinformar também pode cumprir uma função
política. É o que os bajuladores fazem, pelo simples interesse de lamber botas
ou por interesse políticos não confessados.
Eu
não vou desqualificar o trabalho do senador Pedro Taques. Longe disso. Eu torço
para que ele trabalhe mais do que faz, que acerte cada vez mais e cresça
politicamente. Ganharemos todos, Mato Grosso e o Brasil. Taques poderia ser um
contrapeso importante no cenário estadual e nacional. Mas não o é. Espero que
por enquanto. Minhas reticências em relação a ele se referem à postura
política-ideológica (que começa a se refletir nitidamente na CPMI do Cachoeira)
e não na quantificação de suas propostas de emenda constitucional e projetos de
lei.
Mesmo
assim, se a quantificação se sobrepõe à qualificação, não seria justo desprezar
tudo que se fez antes de Pedro Taques e apresentá-lo como “pai da criança” e “farol
que guiará o povo...”.
Antes,
muito antes de Taques, por exemplo, o senador Renato Casagrande, hoje
governador do Espírito Santo, já havia proposto um grupo de trabalho para
analisar propostas de revisão do Código Penal Brasileiro. Este tema está em
discussão há muitas décadas e ganhou fôlego depois da Constituição de 88,
portanto, 24 anos de Taques sentar-se numa cadeira da Câmara Alta.
Não
se pode afirmar ainda que antes de Taques Mato Grosso não tinha representação à
altura e nivelar todos os nossos parlamentares como “pegos com a mão na massa”.
É desprezar toda a história da presença mato-grossense no Congresso Nacional
brasileiro e as contribuições que muitos deles, ilustres, que deram à vida
social, econômica e política nacional, independente de partidos e posturas
ideológicas.
Poderia
aqui desfilar uma relação enorme de nomes importantes de parlamentares
mato-grossenses que nos honraram com suas presenças em Brasília. Mas vou fazer
justiça a apenas dois deles que estão lá agora e formam a bancada de senadores junto
com Taques.
É
necessário antes situar minha posição em relação aos senadores Blairo Maggi e
Jayme Campos. Não morro de amores politicamente por nenhum deles. Do ponto de
vista político-ideológico são dois homens que não nada me agradam. Como cidadão
tenho ressalvas em relação aos seus governos e posturas diante do parlamento.
Mas nem por isto eu posso deixar de reconhecer que são dois grandes quadros da
política de Mato Grosso e do País, assim como o é Pedro Taques.
Qual
é o problema então? A questão é que nunca nutri nenhuma ilusão por Blairo e
Maggi. Sei o que são e eles nunca escondem suas posturas políticas e
ideológicas. Eles são honestos comigo e com o povo que o elegeu. Suas condutas
no Senado refletem o que eles são como pessoas e como pensam. Em breve vamos
tratar deles por aqui.
Medeiros
menciona o prêmio concedido pelo site Congresso em Foco, considerando Taques um
dos melhores parlamentares do ano, “prêmio este que jamais seria concedido a
alguém que atuasse no ‘varejinho’".
Quero
só a título de informação - e longe de entrar no mérito - lembrar que o mesmo
site concedeu igual prêmio a ninguém mais ninguém menos que a um Demóstenes
Torres.
Agora,
por fim, o que mais me causa crise de risos não são os deslumbres do suplente
de senador, mas os seus devaneios. O caro insiste em identificar que meus
textos trazem nas entrelinhas uma conspiração contra os planos políticos de seu
titular, insinuando que eu estaria a serviço de algum opositor de Taques.
Em
seu último texto ele nos brinda com esta pérola: “Pode ser só um ‘zumbido’, mas
começo ouvir o sussurro da ‘voz rouca das ruas’. Pedro Taques pode ser um zero a esquerda [grifo meu], tomando-se
como referência ‘o padrão de medida nacional’, mas pode também ser o farol que
guiará o povo à DERRUBADA DA BASTILHA [o grifo é dele!] e à instituição de um
novo padrão de referência.”
Devaneio
puro. É mole ou querem mais? Deixo que ele continue sozinho. A vida segue. Mas
nada me impedirá que, sendo oportuno, retorne ao assunto.
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