domingo, 29 de abril de 2007

Pais são obrigados a advinhar conteúdo de programas de rádio e tevê


Deu no site do Luiz Carlos Azenha (Vi o Mundo):


Pais brasileiros são obrigados a advinhar conteúdo de programas de rádio e tevê

Por Luiz Carlos Azenha

Não gostou (da imagem ao lado)?

O problema é seu.

Você deveria ter o dom de prever o futuro - o mesmo que os pais brasileiros têm, segundo a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Tevê, a Abert.

Como sabemos, o andar de cima no Brasil é dividido em duas turmas: os poderosos de ocasião e os poderosos de sempre.

Entre os "de ocasião" estão aqueles que foram eleitos pelo povo.

Os de sempre... eles sempre mandaram, trocando de pele de acordo com a ocasião.

Donatários das capitanias, senhores de engenho, latifundiários, capitães da indústria e do mato e controladores amotinados do espectro eletromagnético.

Estou falando da liminar obtida pela Abert para barrar a programação de tevê por faixa etária, de acordo com o conteúdo.

A decisão foi saudada por artistas como vitória contra a "censura".

Estatuto do Menor e do Adolescente?

Dane-se. Só vale se for para reduzir a maioridade penal.

"Quem deve decidir o que os filhos assistem na tevê são os pais, não o estado", alegam os indivíduos que representam a Abert.

Sim, isso só é possível no Brasil graças ao dom da clarividência que, como você sabe, pais e mães brasileiros ganham automaticamente - no dia do nascimento do filho.

Este poder de antevisão permite aos pais saber antecipadamente qual será o conteúdo da próxima atração.

Assim, preventivamente, podem retirar os filhos da sala.

É curioso como qualquer tentativa de regulamentar o setor midiático é recebida com gritos de censura!

É um desrespeito àqueles que realmente foram vítimas de censura no regime militar, dentre os quais não se incluem integrantes da ABERT.

O desprezo pela inteligência do público é aviltante.

Os concessionários de um serviço público agem como se fossem latifundiários do espectro eletromagnético.

São os donos do ar que a gente respira.

Você é tratado como consumidor, nunca como cidadão.

Porque, na verdade, você é um dos donos do espectro eletromagnético.

Você banca, com o dinheiro de seus impostos, toda a infra-estrutura montada para permitir o funcionamento das emissoras de rádio e de televisão.

Ou você acha que o Ministério das Comunicações é pago com dinheiro dos radiodifusores?

Em seu nome, o estado brasileiro concede a eles o direito de transmitir sons e imagens.

E se os parlamentares ou o governo que você ajudou a eleger decide criar alguma regra para o setor...

Censura!

Lembre-se. Você é apenas um consumidor. Quer dar palpite? Aí já seria levar a sério essa história de cidadania.

Só eles sempre foram, são e serão cidadãos plenos - inclusive para definir quais são os seus direitos e deveres.

Você tem o direito de comprar.

Você tem o dever de ver e ouvir. Calado, se possível.


Numa enquete promovida pelo Estadão, 77% dos internautas disseram concordar com algum tipo de controle sobre o horário dos programas de tevê.

Foi uma pesquisa não científica.

Duvido que as emissoras de rádio e tevê aceitem fazer e divulgar uma pesquisa do Ibope a respeito.

2 comentários:

Anônimo disse...

é tanto dinheiro envolvido que o povo ñ tem direito algum... na verdade o cidadão entra em um sistema ilusionista...o voto pra mim por exemplo não é um direito, na verdade somos obrigados a votar, pagamos multas por isso, se fosse exercer a cidadania só votaria quem quizesse, não é verdade?
sem imposto sem multas ... mas assim o governo além d ganhar dinheiro, obriga indiretamente! isso é ou não é obrigar?

Anônimo disse...

quanto ao telespectadores, coitados, somos obrigados a assistir tudo...