Recebi
nesta manhã de 21 de abril uma ligação da Regina Kaiser. Desde ontem tentávamos
nos falar, mas as correrias de ambos no dia-a-dia não nos permitiram. Antes de
escrever a carta aberta a ela tentei contato via whatsapp. Regina, porém, estava
na fisioterapia e não pode me responder. Consultei amigas em comum se seria ou
não conveniente escrever a carta e a maioria concordou que sim.
Fazia
anos que não falava com Regina. Foi uma conversa muito agradável. Falamos de
política, de como estava a vida de cada um, de trabalho, de amigos e rimos
muito. Ela iniciou dizendo que gostou muito da carta, especialmente dos elogios,
mas também dos alertas nela contidos. Concordou com muito. E se desculpou.
Ela
conta que por estar saindo da convalescença após torcer o tornozelo e fraturar
os ligamentos, com muitas semanas numa cadeira de rodas, faz fisioterapia e mal saía de casa. No domingo, já num nível de recuperação razoável, resolveu passear,
passou pela manifestação e encontrou a amiga Roseli Arruda, que lhe solicitou
uma selfie. Ficou um pouco por lá, cumprimentou outros amigos e foi embora.
Regina
me disse que votou em Bolsonaro e apoia seu governo, mas não deixa de ser
crítica àquilo que discorda. E uma das discordâncias é justamente posturas antidemocráticas
do presidente e parte de seus seguidores. Ela relata que em 1964 estava no Rio
de Janeiro e acompanhou, ainda menina, a movimentação do golpe e que, nos anos
seguintes, percebeu que aquele retrocesso não estava fazendo bem para o país.
“Sou
contra isto, João. Como todo mundo sabe, votei no presidente Bolsonaro, torço
pelo sucesso de seu governo, mas não quero este retrocesso. Passei pela
manifestação, sim, mas fui embora justamente porque não concordo com o rumo que
ela tomou”, afirmou Regina.
Ela
conta que defende o relaxamento do isolamento social porque a questão econômica
deve merecer atenção. São dois desastres com os quais estamos nos deparando,
frisou. Mas, ressaltou ela, tem que ser com planejamento e responsabilidade. “Eu
defendo o fim do isolamento só que deve haver um planejamento, deve ser gradual,
com a abertura inicial de setores econômicos sem muita aglomeração, mantendo
fortemente as medidas protetivas, evitando os riscos e aos poucos fazendo um
relaxamento à medida que a curva de contaminação seja contida”, defendeu.
Achei sensato.
Para
ela, as manifestações neste sentido são justas. Contudo, sem planejamento da
parte dos governos municipais, estaduais e federal, é irresponsabilidade. “Eu não passei por lá para participar da manifestação. Fui observar, mas me
retirei assim que percebi que não era o que eu comungava”, reafirmou.
Um
dos pontos da minha conversa com a Regina foi o fato de que ela é uma
referência para muitas pessoas com as quais conviveu profissionalmente. Regina Kaiser é uma mulher da comunicação e, sobretudo, uma
publicitária muito admirada. Faz parte de um time de primeira, de uma geração
que fez escola. Muitos profissionais que hoje se destacam no mercado iniciaram
com ela ou assim foram influenciados. Em outras atividades empresariais, Regina
se destacou sempre.
Boa
parte dessas pessoas que conviveram com ela profissionalmente vieram a mim após
a publicação da carta. A maioria com perplexidade. Outra parte para pontuar que ela não merecia a crítica. Ponderei que Regina é muito mais que um CPF. Ela
é uma referência profissional, empresarial, social e política. Uma figura
pública, portanto. Quer queira ela ou não, carrega sobre seus ombros a
responsabilidade de ser referência, espelho, emblema para muitos de nós. Concordaram
unanimemente.
E
foi assim que nossa conversa caminhou para o final nesta manhã. Sem antes, no
entanto, receber dela um convite para visitá-la em seu trabalho para tomarmos
um café e colocar a prosa em dia.
Esta
é a Regina Kaiser que todos nós, que a conhecemos e admiramos, merece todo o
nosso respeito, ainda que possamos discordar dela. Uma mulher com todas as credenciais de um ser humano admirável, com defeitos, mas com qualidades, adjetivos e estímulos para todos os seus, pertos ou distantes.
Por sua conversa comigo serena, suave, amável, afável e expansiva, passei
a admirá-la ainda mais. Ela me confirma sua elegância e humanidade.
João
Negrão.
Cuiabá,
21 de abril de 2020.
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